As principais novidades encontradas
no PMBOK quarta edição Por Rossano Tavares ( rossano.tavares@dm2tavares.com.br) Novas edições ou versões de manuais, programas, sistemas operacionais, livros, filmes, entre outros sempre geram expectativas em maior ou menor grau. Com o PMBOK[1] quarta edição não podia ser diferente. Boa parte da expectativa concentrada nos muitos profissionais e também pelos estudantes com exame para certificação a ser agendado. O lançamento da quarta edição implica diretamente na decisão de qual o momento mais adequado para fazer o exame PMP ou CAPM, levando-se em conta que a partir de julho passa a valer o conteúdo da quarta edição. A despeito da qualidade editorial e do ótimo conteúdo existente na terceira edição, a quarta edição está ótima. Os textos estão “leves”, tornando a sua leitura mais acessível e porque não dizer mais agradável, embora, muitos não considerem como tarefa fácil ler manuais ou textos técnicos. A visualização gráfica também está muito adequada ao que se espera de uma nova edição. Colocações preliminares feitas, vamos ao conteúdo existente na quarta edição comparando com o da terceira edição, ou seja, vamos analisar as principais novidades da nova edição (quarta) em relação a anterior (terceira). Capítulo 1 Na introdução do capítulo 1 da terceira edição existe a informação de que este é destinado à definição de diversos termos chaves e a apresentação de uma visão geral do PMBOK. Já na introdução do capítulo 1 da quarta edição está referenciado que os dois primeiros capítulos do PMBOK são destinados a introdução de conceitos-chaves no campo do gerenciamento de projetos e que o capítulo 3 é destinado aos padrões de gerenciamento de projetos. Será que o PMI sentiu a necessidade de expandir e reforçar os conceitos chaves? De fato, praticamente nada mudou, pois o conteúdo dos 2 primeiros capítulos sofreram poucas alterações. No item referente a Proposta do guia PMBOK ficou claro que o PMI deixou de lado o discurso centrado em que projetos podem variar de empresa para empresa e que o time responsável pelo gerenciamento é que deveria buscar o consenso em relação a quais ferramentas e técnicas devam ser utilizadas buscando como referenciais os guias do código de ética e conduta profissional ambos disponíveis no site do PMI (Code of Ethics and Professional Conduct guides). Particularmente é interessante que a referência tenha sido efetuada, isto porque, muitos estudantes preferem o caminho do auto-estudo para a realização do exame de certificação e a referência irá indicar a eles que os guias anteriormente citados devem ser objetos da preparação para a certificação. A referência é importante também para que os profissionais do gerenciamento de projetos tenham sempre em mente que ética e responsabilidade devam fazer parte do cotidiano do gerente de projetos. O sub-item que determinava a audiência para os fundamentos do PMBOK foi excluída, nada mais óbvio, pois se percebe que os fundamentos de projetos são importantes para todo profissional não importando a sua experiência e o nível que ocupa na empresa em que atua. No item que define o que é um projeto uma grande surpresa, negativa, ao nosso modo de ver: o sub-item que a trata da elaboração progressiva de projetos foi retirada. A elaboração progressiva que consiste na execução dos projetos em passos com evolução gradual deveria ter sido mantida. A referência da elaboração progressiva é importante norte, principalmente para os profissionais que estão começando a adotar as melhoras práticas contidas no PMBOK. A elaboração progressiva, a bem da verdade, foi referenciada no item 1.3 – O que é gerenciamento de projetos – mas com um conteúdo bem resumido em relação ao anterior. O que diferencia um projeto de operação foi transferido para o item 1.5 com breve citação também no capítulo 2 (item 2.2) que trata sobre o ciclo de vida de um projeto e organização. O que é considerado como adequado. Ainda nessa linha de remanejamento o sub-item que trata de planejamento estratégico e projetos foi para um item novo que trata o relacionamento entre gerenciamento de projetos, gerenciamento de programas e gerenciamento de portfólio. Neste caso foi feita uma tentativa de associar que programas e portfólios fazem parte do planejamento estratégico de uma empresa. Percebe-se que este item ficou deslocado e não muito adequado em relação ao assunto tratado. O item 1.3 – O que é gerenciamento de projetos – foi reescrito com os 5 grupos de processos sendo colocados em destaque facilitando a leitura. Aqui também é informado que agora são 42 processos de gerenciamento de projetos logicamente agrupados, isto é, 2 processos foram eliminados. Outro ponto importante é a referência a tríplice restrição que foi eliminada, passando a existir restrições do projeto que são elas: Escopo, Qualidade, Cronograma, Orçamento, Recursos e Riscos. Portanto, qualquer alteração em um desses itens certamente haverá restrições em um ou mais dos demais itens. O texto neste sub-item ficou mais enxuto, pois a parte que tratava da adoção de cultura de gestão administrativa de gerenciamento por projetos foi eliminada. Nada que prejudique o conteúdo uma vez que o PMBOK já fazia referencia de que gerenciamento por projetos estava fora do escopo dos padrões definidos no PMBOK. Cabe aos estudantes e profissionais buscarem mais informações sobre gerenciamento por projetos em outras fontes. O item 1.4 foi o que mais sofreu mudanças a começar pelo título, que na versão 3 é A estrutura do guia PMBOK, já na versão 4 Título mudou para Relacionamentos entre Gerenciamento de Projetos, Gerenciamento de Programas e Gerenciamento de Portfólio. Foi adicionada uma figura 1-1 que apresenta a interação Portfólio, Programas e Projetos, com esta representação gráfica ficou muito fácil entender a diferenciação entre cada um desses conceitos. O risco incorrido nesta mudança é que título não acomoda todos os assuntos que fazem parte do capítulo. O item 1.5 Áreas de Expertise foi eliminado na versão 4 e certamente fará falta a figura 1-2 que apresentava as áreas de expertise necessárias para o time de projetos. De modo geral pode-se dizer que o expertise exigido está contido nos item 1.6 (O papel de um gerente de projetos), 1.7 (PMBOK) e 1.8 (Fatores ambientais empresariais) da versão 4 a qual apresenta o papel de um gerente de projeto. De fato a versão 4 tem mais 2 itens do que a versão anterior. Capítulo 2 No capítulo 2, Ciclo de vida do projeto e organização, existe um item chamado Governança do projeto no ciclo de vida (do projeto). Neste item apresenta governança como um consistente método de controlar os projetos para garantir o seu sucesso. Assim sendo, governança chegou também ao gerenciamento de projetos, pois a versão anterior não continha qualquer referência a esse assunto. Ainda no capítulo 2, as partes interessadas ( Stakeholders) estão muito bem definidas no item 2.3. A figura 2-6 a qual apresenta o relacionamento entre as partes interessadas e o projeto está muito mais completa e abrangente do que a antecessora da versão 3. A estrutura organizacional que também faz parte do capítulo 2 praticamente não sofreu mudanças na sua apresentação e, portanto não merece destaque. Por outro lado, os processos que são considerados bens da organização ganharam um item exclusivo (2.4.3), bem detalhado e rico em informações inclusive associando a uma base de conhecimento corporativa. Capítulo 3 No capítulo 3, mais precisamente no item 3.1 foi eliminada a parte que associava o ciclo da qualidade de Shewhart e Deming, planejar-executar-checar-melhorar (plan-do-check-act), aos processos de gerenciamento de processos. Esta associação facilitava em muito o entendimento das fases de gerenciamento de projetos. De qualquer modo a melhoria contínua é referenciada na área de inteligência da Qualidade. A figura 3-3 (anteriormente era a figura 3-4) foi totalmente remodelada apresentando um fluxo de passagem de informações bem mais detalhado, e também no qual o Grupo de Processo Monitoramento e Controle ganhou forte evidência. O capítulo 3 sofreu uma grande gama de pequenas alterações nos processos que compõe os grupos de processos. Que são as seguintes:
Conclusão As mudanças efetuadas no PMBOK – versão 4 certamente deixaram o texto mais prático e de fácil entendimento, embora alguns pontos importantes tenham sido retirados conforme apresentado desde o início deste artigo. Este artigo não contempla as implicações por áreas de inteligência do PMBOK e nem contempla as alterações ocorridas nas técnicas e ferramentas (as quais estão nos demais capítulos do PMBOK), entretanto, essas implicações podem ser obtidas no artigo de Vicki Wrona publicado recentemente pela Global Knowledge. A bem de direito o artigo[2] de Vicki Wrona serviu como fonte de pesquisa para o artigo aqui escrito. Esperamos que artigo seja útil para quem irá prestar o exame de certificação e também para quem ministra cursos do PMBOK. [1] PMBOK (Project Management
Body of Knowledge – Fourth Edition) – Marca registrada pertencente ao PMI
(Project Management Institute). [2] WRONA, Vicki. Changes to the PMBOK® Guide, 4th Edition, and What You Should Know. USA: Global Knowledge Training LLC, 02/2009. Localizado em: http://www.globalknowledge.com/training/whitepaperdetail.asp?pageid=502&wpid=495&country=United+States – último acesso: 22/03/2009 |